sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O Natal, Jesus e o Papai Noel

O Natal é uma época em que as pessoas tendem a manifestar um carinho maior umas pelas outras. Surge na sociedade um sentimento bonito de união, fraternidade e solidariedade. A origem do Natal é o nascimento de Jesus e devido a hegomina da ideologia judaico-cristã no mundo ocidental essa data se tornou quase que uma celebração universal.

O Papai Noel inspirado de um bispo da Igreja Católica Turca (São Nicolau), no inicio era representado por suas vestimentas religiosas. A imagem do "bom velhinho" de barbas longas e roupas vermelhas com detalhes em branco foi imortalizada numa campanha publicitária da Coca-Cola em 1931 para alavancar suas vendas.

Acontece que em nosso mundo contemporâneo com a dominação do sistema do capital prevalece a figura do Papai Noel como elemento central. Basta andar pelas ruas, observar as crianças e visitar o comércio a figura do "bom velhinho" é hoje o que determina o Natal. É o consumo desenfreado, é a transferência de sentimentos para bens materiais. Neste período se não comprares algo é como se não tivesse afeto.

As antigas Igrejas ainda celebram o nascimento da razão de sua existência, mas as modernas igreja têm outra referência espiritual e novas formas de culto. As modernas Igrejas, também conhecida como "Shopping Centers", disseminam o culto do consumo e personificam sua fé todos os anos na figura do Papai Noel.

Voltemos ao primeiro parágrafo, e nos sentimentos despertos nessa época. De certa forma, têm relação com o Jesus. Se abstraída toda divindade metafísica (deixo claro que há o respeito pelos que crêem), Jesus foi um dos pioneiros na história da humanidade a lutar pela libertação de seu povo, que era barbaramente oprimido pelos romanos. A crucificação à época era uma punição dada aqueles, principalmente escravos, que ousavam se rebelar contra o Império Romano. ( A maior crucificação de que se tem notícia ocorreu em 71 a.C. ao tempo de Pompeu, em Roma. Dominada a revolta de 200.000 escravos sob o comando de Espártaco (a Terceira Guerra Servil), as legiões romanas, furiosas, num só dia, crucificaram perto de 6.000 dos revoltosos vencidos1).

Lutar contra o jugo da opressão pressupõe solidariedade, fraternidade e união sentimentos vivos no Natal. A humanidade necessita disso para se libertar das amarras do sistema do capital e seu culto ao consumo desenfreado. Que as reflexões deste momento e do ano que se encerra girem em torno desses ideais, nossas crianças não devem ser contaminadas pelo mito do Papai Noel.

O sistema do capital pressupõe a desigualdade, necessita do desemprego e produz a miséria. Todos esses elementos estão presentes no Natal do Papai Noel, todos os ricos ganham presentes já os pobres... Nesta noite enquanto muitas mansões celebraram com comida farta e presentes e mais presentes supérfulos, mas necessários ao culto do consumo, outros passarão na miséria. Se o Papai Noel não é o culpado por isso, ele é o símbolo disto. Daí a necessidade de se extirpar esse símbolo de nossa cultura.

Por fim uma canção que traduz isso: Papai Noel Batuta.



Notas:

1 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Crucifica%C3%A7%C3%A3o


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Por que nosso povo não se rebela?

Abaixo um texto CTRL C + CTRL V, se trata de uma brilhante reflexão de Plinio de Arruda Sampaio sobre um certo "imobilismo" de nossa sociedade.


Porque o nosso povo não se rebela?

Plínio de Arruda Sampaio
De São Paulo

Os telejornais estão cheios de noticias das rebeliões que estão acontecendo na França, Inglaterra, Itália e Grécia. Multidões de funcionários públicos, trabalhadores, agricultores, caminhoneiros, ocupam as ruas, bloqueiam estradas, ocupam edifícios públicos em protesto contra cortes em seus direitos.

Por que aqui não acontece o mesmo, sendo que os cortes são muito maiores?

Dois fatores explicam a passividade da nossa gente.

O primeiro deles é a terrível repressão policial sobre os insurgentes. Desde a Inconfidência Mineira, o povo sabe que a repressão dos revoltosos é seletiva: os figurões da conspiração foram deportados; o sargento de milícias foi enforcado, sua cabeça exposta ao público e o terreno da sua casa salgado para que nada jamais voltasse a nascer ali.

Em 1964, os deputados, senadores, governadores, políticos importantes e pessoas poderosas foram cassados e tiveram seus direitos políticos suspensos. Mas, o patrimônio deles não foi tocado, sua família sempre pôde vir ao Brasil, passada a cassação todos tiveram seus direitos restabelecidos e, muitos receberam polpuda indenização. Os líderes camponeses que se rebelaram foram todos assassinados.

O povo observa essas coisas.

O segundo fator da conformidade chama-se "cultura do favor". Roberto Scharwz tratou desse assunto com maestria. Segundo ele, durante os trezentos anos de escravidão, só havia dois grupos sociais organicamente ligados à produção e, portanto, à obtenção de renda (monetária ou sustentada pelo trabalho). Os demais grupos (negros alforriados, mulatos, cafusos, profissionais sem patrimônio, brancos pobres) só tinham duas maneiras de sobreviver: ou por meio de atos ilícitos ou pela proteção de um poderoso.

Surgiram daí o capanga; o mumbava; o cabo eleitoral.

A cultura do favor é uma ética da gratidão. O marginalizado, no sentido daquele que vive à margem dos direitos sociais, que recebe um favor do poderoso está moralmente obrigado a devolver esse favor, a fim de se sentir uma pessoa digna.

Esta cultura atingiu não somente o pobre, mas também o poderoso. Porque sempre há alguém mais poderoso de quem se necessita uma providência - um favor.

Num livro admirável, Ligia Osório de Souza demonstrou que a elite dominante brasileira desenvolveu uma técnica legislativa destinada a evitar que a lei seja aplicada imparcial e universalmente. Toda lei brasileira tem preceitos vagos e confusos para possibilitar o casuísmo. O casuísmo é o favor.

Conta-se até mesmo a anedota do cidadão que pediu um favor a um senador e quando este respondeu-lhe que não podia atender por ser ilegal respondeu: "Mas é por isso mesmo que estou recorrendo ao senhor; se fosse legal, eu protocolaria no balcão da repartição". No Brasil, no balcão só os pobres sem padrinho.

Pois bem, uma população totalmente sem esperança de conseguir que seus problemas sejam resolvidos contentou-se com migalhas e identificou na figura do Lula o poderoso que lhe faz um favor. Seu dever moral é retribuir esse favor e o meio de que dispõe para isto é o voto.

Não adianta nada demonstrar que o governo Lula está metido em falcatruas e que as migalhas distribuídas não resolvem o seu problema. Se dever moral é retribuir o favor.

Plínio Soares de Arruda Sampaio, 80 anos, é advogado e promotor público aposentado. Foi deputado federal por três vezes, uma delas na Constituinte de 1988, é diretor do "Correio da Cidadania" e preside a Associação Brasileira de Reforma Agrária - ABRA

Endereço de onde foi tirado o texto: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4853582-EI17081,00-Porque+o+nosso+povo+nao+se+rebela.html

Caso queira entrar em contato com o autor: plinio.asampaio@terra.com.br

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Dia do Samba é para os bambas

Hoje dia 02 de dezembro é comemorado o dia do samba. Mais que um tipo de música se trata de uma cultura tipicamente brasileira, que faz o povo feliz. Samba-cançã0, samba-choro, samba-enredo, partido alto, samba de roda, samba rock, samba funk, de qualquer forma o samba toca as almas incautas.

Dizem que ele veio lá da Bahia, e chegou ao Rio de Janeiro pelos portos e na estiva. As primeiras rodas no morro da conceição, são semanalmente lembras nas rodas de samba da pedra do Sal todas as segundas-feiras. Ali também se reune, uma vez por mês, o bloco Escravos da Mauá.

Expressão popular de massas do samba é o carnaval, um espetáculo de luz e cor, quatro dias de magia. Pela Sapucaí desfilam a Mangueira, Império Serrano, Portela, Vila Isabel e outras tantas que fazem e são alegria popular.

Grandes compositores oriundos das favelas cantaram e cantam esse Rio de Janeiro em poesias ritmadas pelo pandeira, marcadas no surdo e choradas nas cuícas. Cartola, Noel Rosa, Zé Keti, Candeia, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, João Nogueira, João Bosco, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Moreira da Silva, Dicró, Bezerra da Silva, Alcione, Dona Ivone Lara, Tia Ciata, Clara Nunes, Clementina de Jesus e tantos outros. Se fosse escrever todos não heveria espaço para nenhuma palavra além de seus nomes.

No Rio de Janeiro se comemora esse momento com o famoso Trem do Samba. Sai da estação Central do Brasil em direção à Osvaldo Cruz e em cada vagão um batuque de alta classe. Com as velhas guardas e novas gerações de sambistas a animar a viagem e preparar o espírito do folião para as apresentações que acontecem em Osvaldo Cruz, esse ano com feijoada da portela e tudo.

Abaixo um pequeno video sobre o trem com Marquinho de Osvaldo Cruz, grande incentivador do trem. Então, embarque e siga viagem.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Estaria o Rio de Janeiro em Guerra

Entre os dia 24 e 29 de novembro o Rio de Janeiro viveu momentos de tensão com o conflito entre o aparato de segurança do Estado e varejistas do tráfico. Ônibus foram incendiados e ouve muita troca de tiros. Estes eventos culminaram com a tomada da Vila Cruzeiro na Penha e do Complexo do Alemão.

Abaixo um video que editei com imagens de um ônibus incendiado gravadas muito próximo de onde pouso nos dias que estou no Rio de Janeiro.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sobre a ocupação do MST em Macaé

Essa semana foi desalojado um grupo de cerca de 280 famílias em uma acupação com a bandeira do MST. A ação conjunta teve presença da Polícia Federal, Polícia Militar e Guarda Municipal de Macaé. Segue um texto que retirei do site da Mariana Criola, Centro de Assessoria Popular.

Caso queira saber o que a Mariana Criola é só acessar: http://www.marianacriola.org.br/about

O endereço da matéria: http://www.marianacriola.org.br/2010/linhas-de-atuacao/despejo-violento-de-sem-terras-em-macae#more-321


Despejo violento de sem-terras em Macaé

Desde o último dia 7 de setembro, cerca de 300 famílias de trabalhadores rurais sem terra ocuparam o latifúndio improdutivo Fazenda Bom Jardim em Macaé. A proprietária é uma empresa de rádio do norte fluminense, a Campos Difusora Ltda. A área é arrendada para José Antonio Barbosa Lemos, curiosamente o sócio-proprietário da própria empresa (Campos Difusora), também ex-deputado estadual e ex-prefeito de São Francisco de Itabapuana. Tal fato já coloca em questão quem são os proprietários de terra em nosso país.

A área possui decreto presidencial, que declara o interesse social para fins de reforma agrária. Historicamente trata-se de uma propriedade que não cumpre com a função social, que se agrava diante das denúncias feitas ao IBAMA pelas famílias sem terra de desmatamento na área de reserva ambiental realizado pelo próprio proprietário.

Apesar de se tratar de um imóvel que descumpre totalmente com a Constituição, o Poder Judiciário Federal de Macaé, a Juíza Dra. Angelina de Siqueira Costa, determinou a reintegração de posse imediata, que se realizou em 18 de novembro, dando poderes para que a mesma se realize inclusive nos finais de semana e mesmo após o horário forense.

As violações pelas quais as famílias passaram se iniciam com a decretação de segredo de justiça, não permitindo que a assessoria jurídica das famílias, bem como o próprio INCRA, que é parte também do processo, pudessem acessar os autos na integralidade e assim preparar suas defesas.

O quadro agravou quando a Polícia Federal, comandada pelo Delegado Escobar, não seguiu em nenhum momento as orientações estabelecidas pelo Manual de Diretrizes Nacionais para Execução de mandados judiciais de manutenção e reintegração de posse coletiva da Ouvidoria Agrária do Ministério do Desenvolvimento Agrário, parte do Plano Nacional de Combate a Violência no Campo, coordenado pelos Ministérios de Desenvolvimento Agrário, Meio Ambiente, Justiça e Secretária Especial de Direitos Humanos, que visam evitar violências nas ações de reintegração de posse, fossem totalmente ignoradas, impondo um quadro de violações de direitos fundamentais das famílias que sofriam o despejo, onde as autoridades policiais e judiciais que ali se encontravam estavam ali apenas para resguardar os interesses do proprietário em vez da integridade das famílias.

Dentre as violações temos:

1) o impedimento que as famílias pudessem retirar todos os seus pertences;

2) Atearam fogo em todos os barracos, em alguns casos com pertences que não foram possíveis de serem retirados em razão do limite de tempo imposto pela autoridade policial e de infra-estrutura, como caminhões, por exemplo;

2) não informação de todos os órgãos públicos necessários para evitar conflitos e possibilitar uma mediação onde as famílias tivessem seus direitos reconhecidos;

3) não houve nenhuma preocupação em garantir o local de destino das famílias, sendo apenas apontado um local para os seus pertences;

4) O Conselho Tutelar, que deveria resguardar a integridade das crianças, ficou durante toda reintegração abrigado num dos barracos, se omitindo de garantir o direito das famílias alimentarem suas crianças;

5) Abuso da autoridade policial, com uso de violência, que impediu a filmagem por parte de organização social ali presente, bem como, no impedimento inicial da permanência do mesmo representante no local da reintegração;

Desde às 8 horas da manhã até a madrugada do dia seguinte as famílias ficaram em meio a chuva, sem se alimentar, desesperadas pelos abusos constantes das autoridades policiais que frequentemente gritavam para os militantes que tentavam organiza-las, evitando assim o caos do isolamento imposto pelas autoridades policias.

É grave o descaso das autoridades públicas pelo destino das famílias, que só encontraram um local, com o apoio de parceiros, como o padre Mauro, que cedeu uma igreja de sua paróquia para abrigá-las.

É vergonhoso que em pleno século XXI famílias de sem terra sejam tratadas como não cidadãos, sem nenhum direito, sem dignidade.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Seminário 20 anos de SUS

Seminário Nacional da Frente contra a Privatização da Saúde

“20 anos de SUS: lutas sociais contra a privatização e em defesa da saúde Pública Estatal”

Os Fóruns de Saúde têm funcionado como uma célula de luta pela saúde pública, de resistência a toda e qualquer ameaça de privatização. No Rio de Janeiro, São Paulo, Londrina, Alagoas e Curitiba têm emergido esses espaços, reunindo a Universidade Pública, Conselhos Regionais Profissionais, sindicatos de trabalhadores de saúde, o movimento estudantil através de suas executivas dos cursos, residentes em Saúde e o movimento popular, contando com a presença do MST, MTD, entre outros. A partir da luta contra a privatização da Saúde se criou uma “Frente Nacional pela procedência da ADIN 1923/98 e Contra as Organizações Sociais (OSs)”, daí que os vários fóruns de saúde que atuavam dispersos pelo Brasil iniciaram uma articulação política em defesa da saúde pública estatal.

O Seminário organizado pelo Fórum de Saúde do Rio de Janeiro com articulação entre todos os fóruns cria no cenário uma nova expectativa e desafio: renovar a composição do movimento sanitário, forte e combativo nos anos 1970, que alcançou conquistas importantes como a Lei Orgânica da saúde e o SUS. Pretende-se discutir as contradições que existem entre a proposta inscrita na Constituição de 1988 e o caminho tomado pelas políticas públicas de saúde. O Sistema Único de Saúde estatal, gratuito e universal vem sendo desmontado em prol de um modelo onde a política de saúde se resolveria no mercado, para quem pode comprar o serviço. Enquanto que os “necessitados” seriam assistidos pelo SUS, ferindo a universalidade e descaracterizando a saúde como direito inalienável do ser humano.

Dividido em dois dias, o Seminário deverá apresentar um panorama da questão da ADIN, trabalhar os desafios políticos, jurídicos e sociais que perpassam a luta da saúde, ouvir experiências e vislumbrar horizontes.

O primeiro dia será aberto com uma discussão entre as professoras Fátima Silliansky e Virginia Fontes, do IESC/UFRJ e EPSJV/Fiocruz respectivamente, acompanhadas pela desembargadora Salete Macaloz. Na segunda mesa do dia, estarão reunidos as seguintes centrais sindicais: CSP-CONLUTAS, INTERSINDICAL e CTB; o ANDES e a FASUBRA, sindicatos nacionais de professores e servidores das universidades respectivamente. Representantes do Fórum de Residentes e executivas de cursos da saúde. Além do Seminário Livre pela Saúde, experiência inovadora que vem ocorrendo no Nordeste.

Para fechar este dia, um debate sobre limites e possibilidades da construção de um sistema realmente público, gratuito e estatal. No âmbito da gestão contaremos com a apresentação da experiência da Secretaria de Saúde de Betim-MG; e a respeito da atuação no legislativo com representantes dos setoriais de saúde dos partidos que tem compartilhado a defesa da saúde pública, com perspectiva de construir uma “Frente Parlamentar da Saúde”.

O segundo dia será organizado em três momentos. No primeiro, uma mesa redonda reunindo todos os Fóruns de Saúde somados ao Conselho Nacional de Saúde e o Fórum Nacional dos Trabalhadores da Área de Saúde (FENTAS). Em seguida, serão formados grupos de trabalhos para a elaboração de uma agenda conjunta de luta. Por fim, fecha-se o Seminário com uma grande plenária final com o resultado dos grupos.

Dias 22 e 23 de novembro. Local: UERJ, dia 22 no auditório 11 (1º andar) e dia 23 no auditório 93 (9º andar). Horário: das 14h às 21h.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Quadros, quadrinhos e quadrados

Que esses votos se repitam no segundo turno!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Americanalhização da Polítca

Ja que estamos começando o periodo de eleições (para presidente, governador, senador, deputados federal e Estadual), farei post's sobre o tema. Para começar um ctrl C + ctrl V. Retirado do sitio do Correio da Cidadania.

“Americanalhização” da política
Escrito por Léo Lince
16-Jul-2010


Carlos Nelson Coutinho, estudioso sério da nossa realidade, definiu com precisão o processo em curso no atual momento brasileiro: "americanalhização" da política. Isso mesmo. Uma democracia formal e banal, onde a política, apequenada, se deixa colonizar pelo jogo pesado dos pontos fortes da economia. Na matriz de origem, o padrão já não presta. A cópia, então, é um desastre total.



A batalha travada no bojo da luta que superou o autoritarismo militar, apesar das conquistas obtidas, não resultou em uma nova república, nem constituiu a nova gramática do poder. A perspectiva de uma democracia de massas, substantiva, revolveu camadas profundas, mudou muita coisa da morfologia da sociedade, mas não conseguiu fechar o circuito da mudança.



A transição negociada de cima amainou o impulso da resistência democrática. O surto neoliberal, com Collor e FHC, preparou as bases da recomposição do domínio oligárquico. Depois, em novo impulso, a esperança venceu o medo. Mas, com a corrupção programática do lulo-petismo, as cartas da política foram outra vez embaralhadas, dando lugar ao quadro atual.



Não se estimula mais o debate de idéias, programas, projetos coletivos. Primeiro, cuidou-se de desideologizar a política. Na seqüência, despolitizar a sociedade civil, desativar a militância republicana e desmobilizar a cidadania. Cidadão não é mais o soberano da política, mas o encurralado que recebe bolsa, cota, cheque mensal. São mensalistas do leviatã benevolente.



Por outro lado, na base pulverizada que aprisiona os parlamentos aos executivos, prospera o fisiologismo da velha aritmética do poder. Máquinas eleitorais acoitadas na máquina dos governos. A pequena política dos partidos não-ideológicos, de base social heterogênea, cartéis de diferentes lobbies, ajuntamentos para o mero desfrute do poder. Políticas públicas universais? Ideologia, coisa superada. Movimento social autônomo? Um estorvo a ser criminalizado.



No centro do modelo dominante está a apologia da privatização. Ao mercado, deus de prótese, cabe a primazia na tarefa de regulamentar os conflitos de interesses e ordenar as demandas sociais. A auto-organizarão da sociedade? Tudo bem, desde que orientada para interesses corporativos, setoriais ou privatistas. Os largos espaços da mídia se abrem para o debate de escolhas, até importantes, desde que situadas no plano do privado, das cotas, dos focos, resultados pontuais.



Ao mesmo tempo, o arranjo intra-oligárquico que define a posse do poder político, nos executivos e nos parlamentos, opera em segredo, no recôndito das fortalezas inexpugnáveis do privado. A mídia grande, associada ao modelo dominante, constrói a polarização de fancaria, ancorada nas coligações partidárias invertebradas, sopas de letrinhas intercambiáveis ao câmbio do dia.



Serra e Dilma, o candidato oficioso e a candidata oficial do condômino de poder que nos governa, vão receber a quase totalidade do financiamento privado de campanha e do fundo partidário, vão ocupar a parte do leão do horário eleitoral e da cobertura dos meios de comunicação de massas. Afinal, eles são artífices e beneficiários da "americanalhização" da política brasileira.



Léo Lince é sociólogo.

Fonte: http://www.correiocidadania.com.br/content/view/4837/9/

sexta-feira, 25 de junho de 2010

O exemplo de Saramago

Pensar, pensar
Por Fundação José Saramago

Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma.

Revista do Expresso, Portugal (entrevista), 11 de Outubro de 2008.

Esse foi o post publicada no blog de Saramago (http://caderno.josesaramago.org/2010/06/18/pensar-pensar/) no diade sua morte.

O literário português, ganhador do Premio Nobel, é um caso a ser pensado. Sua filosofia, viva e atuante, fica para nós o exemplo. Nesses tempos de hoje, em que tudo é tão acelerado,falta-nos um momento de reflexão. Refletir sobre nós mesmos, pensar sobre o mundo.

As idéias por si só não mudam nada, mas os homens sem idéias nada são capazes de fazer. Homens determinados, organizados e movidos por ideais de liberdade foram e são os agentes da transformação, da criação do mundo novo livre da exploração e da miséria.

[ A existência de idéias revolucionárias numa determinada época já pressupõe a existência de uma classe revolucionária. Karl Marx, A Ideologia Alemã ]

Mas é preciso também ir para além das idéias, torná-las práticas, reais. Realizar o real a partir do abstrato e do pensamento fazer o concreto. A práxis. Antonio Gramsci, filosofo italiano que dissertou sobre a filosofia da práxis, que seria uma vontade coletiva, homens combinados que interferem no curso da história, e a re-inventam.

Assim foi o português José Saramago, escritor premiado. Seus textos, de certo, que tocaram muitas mentes. Mas Saramago não foi só um homem das idéias ele realizou a práxis. Membro do Partido Comunista Português desde 1969, o escritor deu sua contribuição militante participando da Revolução dos Cravos em seu país natal.

Um velho jovem que manteve sua rebeldia intacta até o fim de sua vida. Enquanto em nosso tempo se destacam os jovens velhos que se entregam ao conformismo e passam a dedicar a vida ao consumo. O exemplo de José Saramago é que devemos acreditar na humanidade e em sua capacidade de transformação, mais do que isso. Temos que ser esses humanos que farão a transformação. Que os jovens despertem!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

MST: Organização Criminosa ou Movimento Social


16 de junho (quarta) – 18h
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Auditório 71 – 7º andar
Rua São Francisco Xavier, 524 - Maracanã.

17 de junho (quinta) – 18h
Faculdade Nacional de Direito - UFRJ
Salão Nobre
Rua Moncorvo Filho, 8 - Centro (Praça da República).

MESA:
- Marcelo Durão
Coordenador Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

COMENTARISTAS:
- Carlos Henrique Naegeli Gondim
Procurador Federal junto ao INCRA/RJ

- Paulo Alentejano
Doutor em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, Professor de Geografia

- Plínio de Arruda Sampaio
Procurador aposentado no Estado de São Paulo, Presidente da Associação
Brasileira pela Reforma Agrária.

- Paula Mairan
Graduada em Comunicação Social pela UFF, ex-jornalista da Folha de São Paulo e do Jornal do Brasil.


Fundado no inicio da década de 1980, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é hoje apontado por muitos como um dos mais expressivos movimentos sociais da América Latina. O acesso a terra é a principal bandeira do movimento que, entre outras formas de luta, se utiliza da ocupação de terras como forma de resistência e de pressionar o governo por reforma agrária.

Durante sua longa trajetória, o MST provocou diferentes reações em distintos segmentos da sociedade, ganhando assim tanto apoiadores como adversários, sendo duramente atacado pela mídia, polícia, governos, fazendeiros... Mas, não obstante, foi também reconhecido pelo mundo inteiro e arduamente defendido, especialmente por seus militantes presentes em todo o Brasil.

De um lado, estão os que acreditam que o movimento não passa de um bando de vândalos, que depredam injustamente propriedades alheias, agem com violência ou mesmo que são camponeses manipulados por dirigentes mal intencionados. De outro, aqueles que defendem a sua legitimidade enquanto movimento social organizado, expressão da democracia e apontam para a justeza da sua luta por reforma agrária.

Sendo assim, na perspectiva de fomentar a reflexão nos espaços universitários sobre esta importante questão, construímos juntos este debate. Procuramos dar à atividade a forma de uma sabatina, a fim de incitar a discussão, focando nas questões que serão apresentadas aos debatedores pelos participantes. Portanto, contamos com a participação de todos.


Organizadores:
Núcleo Estudantil de Apoio Reforma Agrária
Movimento "Direito Para Quem?"
Associação de Docentes da UFRJ
Associação de Docentes da UERJ
Consciente Coletivo
Programa de Estudos da América Latina e Caribe
Outro Brasil – LPP
GeoAgrária
Nós Não Vamos Pagar Nada
Projeto de Pesquisa Sociologia Urbana/FND/UFRJ
LOCUSS/ESS- Rede de pesquisa sobre poder local, políticas urbanas e serviço social
CACS - UFRJ
Campanha Somos Todos Sem Terra

Apoio:
Expressão popular
Lúmen Juris
Editora Revan

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Bob Dylan Like A Rolling Stone, Mágico!



Mágico!

Segue a tradução da Letra

Como uma Pedra a Rolar

Era uma vez, você se vestia tão bem
Jogava esmola aos mendigos em seu auge, não foi?
As pessoas chamavam, dizendo:
"Cuidado boneca, você está pedindo pra cair"

Você achou que todos eles
Estavam brincando com você
Você costumava rir de todo mundo
Que ficava vadiando ao redor
Agora você não fala tão alto
Agora você não parece tão orgulhosa
De estar tendo que vasculhar
Pela sua próxima refeição

Como se sente? Como se sente?
Por estar sem um lar?
Como uma completa estranha?
Como uma pedra a rolar?*

Você freqüentou a melhor escola
Muito bem, Senhorita Solitária
Mas você sabe que você apenas
Ficava enchendo a cara lá
E ninguém jamais lhe ensinou
Como viver nas ruas
E agora você descobre

Você vai ter que se acostumar com isso
Você dizia que jamais condescenderia
Com o vagabundo misterioso,
Mas agora você percebe
Que ele não está vendendo álibis
Enquanto você olha fixamente
Para o vácuo de seus olhos
E o pergunta, você quer fazer um trato?

Como se sente? Como se sente?
Por estar por sua conta?
Sem direção alguma para casa
Como uma completa estranha?
Como uma pedra a rolar?

Você nunca se virou para ver as carrancas
Dos equilibristas e dos palhaços
Enquanto todos eles chegavam
E faziam truques para você
Você jamais entendeu que isso não é bom
Você não deveria deixar as outras pessoas
Se divertir no seu lugar

Você antigamente cavalgava
O cavalo cromado com seu diplomata
Que carregava em seu ombro um gato siamês
Não é difícil quando você descobre que
Ele realmente não era tudo que aparentava ser
Depois que ele levou de você
Tudo o que podia roubar?

Como se sente? Como se sente?
Por estar por sua conta?
Sem direção alguma para casa
Como uma completa estranha?
Como uma pedra a rolar?

Princesa no campanário e todas as pessoas bonitas
Estão todas bebendo e pensando que estão por cima
Trocando presentes caros e coisas
Mas é melhor você surrupiar o seu anel de brilhante
É melhor você penhorá-lo, gata

Você antigamente era tão entretida
Com o Napoleão de trapos e a linguagem que ele usava
Vá para ele agora, ele te chama, você não pode recusar
Quando você não tem nada, você não tem nada a perder
Você está invisível agora
Você não tem mais segredos a ocultar

Como se sente? Como se sente?
Por estar por sua conta?
Sem direção alguma para casa
Como uma completa estranha?
Como uma pedra a rolar?

Nota:
*Como uma Pedra a Rolar: Significa perdido(a) na vida.

Fonte:http://www.cifraclub.com.br/bob-dylan/like-rolling-stone/traducao/shmgsk.html

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Boa de Sábabo

A boa de Sábado, embora eu esteja de plantão e não possa ir...

É curtir o visual do Barimar, em Rio das Ostras, com manifestações culturais e apresentações de: Triero, grupo goiano, e Vitrola Digital, banda Riostrense de pegada forte e som regional.

Será a conjunção som com visual do visual com som! Vá ao Barimar!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Domingo é dia de Roda Rio de Choro em Rio das Ostras

Neste domingo tem Roda Rio de Choro, a partir das 16h lá atrás da Concha Anti-acústica e junto do Quiosque de Dona Maria. Para celebrar a Roda em alto estilo segue abaixo um texto feito pelo Coletivo Só pra Moer:


“O Choro resistiu a epidemias, pragas, duas guerras mundiais, golpes
militares, desprezo de todos os governos, pouco caso das gravadoras,
resiste ao massacrante processo de idiotização musical imposto pela
globalização do lixo cultural internacional, e vai resistir a tudo. O
seu desenvolvimento é permanente e independente de valores impostos.
O Choro tem seus próprios parâmetros. Quem o conhece na intimidade não
se impressiona com vanguardismos pueris e nem se sente pressionado por uma suposta necessidade de adaptação ao som da moda.”(Mauricio Carrilho)

Temos espaços abertos em todos os lugares, basta querermos, o Choro, o Samba e toda rica Música Brasileira tem esse poder. Temos o dever de propagar a nossa genuína cultura. “Isso verdadeiramente é manifestação da arte”, disse uma amiga que presenciou a Roda Rio de Choro. “É isso aí! Eles são brasileiros e nada mais natural que tocarem música Brasileira. Lindo. Lindo Lindo” disse outro entusiasta. Ficamos muito gratos pela presença de todos.
Esse programa resgata a essência da musicalidade brasileira. O objetivo
desse manifesto é simples: Difundir e promover o Choro na nossa
Rio das Ostras e região.

A Roda Rio de Choro é uma Roda aberta a todos, os músicos vão pelo prazer, ninguém recebe cachê. Caminhamos sem patrocínio, contamos apenas com o entusiasmo dos músicos, dos cidadãos e toda “assistência” maravilhosa que domingo sim domingo não tá aqui pra curtir essa brisa gostosa, encontrar novos velhos amigos e ouvir uma música que se confunde com nossa alma brasileira. .
Roda de Choro e Samba é uma manifestação cultural brasileira que nos
possibilita aprender e ensinar. Na roda, temos total liberdade, podemos
arriscar umas notas, jogar fora outras. Podemos até mesmo errar. A roda
fomenta desafios, provoca situações engraçadas, improvisos, variações e
claro, muita diversão. É a hora de testar um novo acorde, outro andamento...

O lugar escolhido foi pela beleza que ele nos proporciona, com a visão
do maravilhoso mar, a bela baía sempre iluminada pelo pôr do sol refletido nas
águas que beijam a orla. O Morro São João imponente com seu vulcão
inativo. A praça São Pedro, símbolo de lazer e diversão.

Aos músicos de Choro, Samba, Seresta, Bossa nova, Forró, Mangue... Enfim amantes e adoradores da genuína Música Brasileira... Venham
participar com seus instrumentos... Essa integração é fundamental para
difusão da roda. Esse é um espaço generoso e democrático.
Coletivo Só Pra Moer

Quadros, Quadrinhos Quadrados




Hoje é dose tripla, para uma tripla reflexão.
A primeira tira é de André Dahmer, cartunista com raro humor ácido e crítico. Em seguida Quino, argentino e criador de Mafalda. E por fim Nico, jovem cartunista e autor do livro Henfil - O humor subversivo.

Marcha da Maconha do Rio de Janeiro



Dia primeiro de Maio, dia do Trabalhador, será realizada a Marcha da Maconha no Rio de Janeiro. Esse movimento já foi cerceado em outros anos, mas agora se conseguiu um Habeas Corpus preventivo. Uma Vitória da liberdade de manifestação no Rio de Janeiro

Participe! O uso da Cannabis é de fórum intimo e privado de cada cidadão, o Estado não pode interferir nisto. A questão das drogas é uma questão de saúde pública e não de polícia!

Abaixo um trecho do Habeas Corpus concedido:

“O grau de importância que a Constituição atribuiu à livre expressão, como direito fundamental, a põe a salvo de certas investidas do poder público visando à sua limitação. (…)Aos agentes administrativos e policiais não cabe imiscuírem-se na liberdade de expressão, a título de controlar sua legitimidade, providência de todo inconstitucional.”



A Marcha se reunirá no Jardim de Alah às 14h.

domingo, 4 de abril de 2010

Um Ano da Roda Rio de Choro

Um ano depois do começo celebramos o primeiro aniversário! E muita coisa aconteceu lá atrás da concha acústica junto ao quiosque da D. Maria. Uma bela reunião de músicos, ouvintes e passantes que ao som do choro e samba riram, brincaram e dançaram.

Um espaço que não possui dono, mas construtores que de quinzena em quinzena tornam o domingo mais saboroso do que o comum. Lá tem os que não faltam e “de certa forma” garantem sua existência: O Felipe (Zé Gota) com sua flauta mágica, diria como a de Pã. Tem também o Rubinho violando nas sete cordas e sempre nos agraciando com comentários, informações e citações sobre a cultura do choro e samba. O Jansen que faz o pandeiro e conduz a marcação e a cadência do choro, e sem nos esquecer das belas canjas cantadas do samba. O Ivan, violeiro, harmoniza o evento. É também um compositor de belas letras, a do latim marca quem ouve. Quatro é mais de um, é um coletivo, Coletivo Só pra Moer. Esses fazem quase uma “militância” cultural, já passaram documentário (Brasileirinho), já distribuíram manifesto e lá deixa sua contribuição contra a mercantilização da música e desvalorização do chorinho. São resistentes culturais.

Não se pode deixar de lembrar os que operam o som, e também desde o início, fazem da roda um ponto de encontro e diversão, aquele abraço pro Vitor e pro Gil. E Dona Maria, nem se fala, uma simpatia única.

Mas a Roda gira e por lá passam muitos que tocam, cantam e brincam. A Roda é livre, leve o instrumento e faça parte dela, sinta-se um construtor também. Tem os mais freqüentes, como o Onça tamborinzado, o Friaça com seu balde, um cuiquero (cujo nome não me lembro). Tem a Thaís que quando da o ar de sua graça deixa sua voz forte marcada em nossos ouvidos e corações, cantando Noel, Cartola e Clara Nunes. Tem uns vitroleiros que também são bambas: Zago, Cabelo, Wagão e Alexandre Bagan, que fazem uma palhinha vez em quando. Sem esquecer que tem o Tico e a Nininha com sua doce flauta doce. E até eu mesmo faço meu barulhim seja no tamborim, seja no ovim. Enfim é uma roda de todos que por lá passam.

Nessa girante Roda muita coisa já se passou, muita história aconteceu. Teve de tudo. Já começou de forma inusitada, a primeira roda marcada foi prejudicada pela chuva. Ali no princípio era um público de poucos, mas fiéis celebrantes. Tem domingo que a roda “tá de massas” falta até mesa pra sentar. Mas em outros são apenas aqueles poucos e fiéis. Tem dia que aparece cidadão que pede pra tocar pagode (quando fica de massas tem que aturar), ou então o cidadão que senta pra tocar ou pede pra cantar sem saber o que está fazendo. Já teve dia que rolou acústico. Teve o dia que choveu e ficaram lá uns dez refugiados sob os grandes guarda-sóis do quiosque de Dona Maria fazendo música de qualidade e outra vez em que choveu, de novo, a Roda virou um grande momento festivo ocupando o espaço ocioso da Concha Acústica.

Alias a chuva é presença quase constante nos domingos de Roda, mas esse não é um fenômeno físico. Mas a própria comprovação metafísica da existência de Deuses que nos observam. Vou revelar o segredo da chuva... os Deuses nos observam a partir de sua entediante vida de Deuses que só fazem olhar os humanos. Quando ouvem a melodia do chorinho, não tem outra reação que não chorar, chorar e chorar e entender a grandiosidade do ser humano. Por isso a chuva, espero que hoje eles segurem a emoção.

Enfim, brincadeiras a parte, celebrar um ano de Roda Rio de Choro é lembrar que a cultura brasileira é motivo de orgulhos e que nos solidificamos em nossas raízes culturais. Muitas são as motivações para que a Roda continue sua existência por muitos anos, seja por curtir o chorinho e uma cachacinha de qualidade, seja para ver, fazer e brindar os amigos ou só mesmo pra curtir um belíssimo por do sol, que em Rio das Ostras é lindo. A essência que garante a existência da Roda é o espírito coletivo, solidário e feliz dos que por lá passam.




terça-feira, 23 de março de 2010

Sobre os Royalties

Abaixo discurso feito pelo Deputado Marcelo Freixo (PSOL) sobre os Royalties, me parece uma boa introdução do debate. Esse discurso é de 16 de março de 2010.


“Concordo plenamente que é inaceitável o que estão fazendo com o Rio de Janeiro por diversas razões. É impossível que de um estado desta importância seja retirado esta quantia do Orçamento do estado e dos municípios. E principalmente desta forma. Provocar um debate onde Rio de Janeiro e Espírito Santo se colocam contrários ao restante do Brasil quebra o princípio do pacto federativo e a forma talvez seja mais agressiva do que o próprio conteúdo.

Quero levantar dois debates que não estão aparecendo. É bom lembrar que nós temos outras responsabilidades para trazer a este debate. Por exemplo, por que existem os royaties? É uma verba de compensação. Evidentemente, nós sabemos que tanto pelo texto constitucional, que determina que a cobrança de ICMS seja diferenciada em relação ao petróleo, quanto pelos danos provocados pela exploração do petróleo — danos sociais, danos ambientais — existe o pagamento dos royalties. Por isso, ele foi pensado. Então, evidentemente, a aplicação dos royalties deve ter ligação direta com a razão da sua existência.

Nós devemos protestar pela perda dessa verba. Mas podemos aproveitar essa grande mobilização da sociedade para fazermos um debate sobre o que foi feito dessa verba até agora no Rio de Janeiro. Talvez isso não seja de grande interesse para outros que querem debater a perda dos recursos.

Ora, esses recursos foram aplicados no meio ambiente? Esses recursos foram aplicados nas consequências e nos danos sociais? Ou será que não? Esse é um debate que nós temos que fazer. Tem que acabar a caixa-preta dos royalties de boa parte dos municípios do Rio de Janeiro. Então, vamos aproveitar essa grande mobilização, essa justa mobilização, e propor que a verba dos royalties seja uma verba carimbada e com controle social. Esse é o debate que nós podemos aproveitar no Rio de Janeiro, porque aí sim nós vamos avançar.

Talvez seja interessante que nós não façamos o debate apenas dos 15% relacionados aos royalties. Que a gente possa fazer um debate profundo também sobre os 85%. Por que não debatemos neste momento o regime de concessão do Fernando Henrique Cardoso, ou o regime de partilha do governo Lula, onde de alguma maneira quem mais lucra são as grandes multinacionais? Com quem fica o grande valor do ouro negro? Então, vamos fazer um debate sobre transparência, sobre a aplicação dessa verba e sobre o que fazer com o tamanho dessa riqueza como um todo – e não só essa parte. Aí, sim, nós vamos trazer grande desenvolvimento para o Rio de Janeiro”. Marcelo Freixo, em plenário, no dia 16/3.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Cine-Pesca

segunda-feira, 15 de março de 2010

Filme Debate sobre o Petróleo

O CEPRO – CENTRO CULTURAL DE EDUCAÇÃO POPULAR DE RIO DAS OSTRAS – através do Projeto Vídeo e Debate exibe nesta terça -feira, 16 de março, às 19h, o filme da campanha O Petróleo tem que ser nosso.

O vídeo lança um olhar crítico sobre o papel que a Petrobras tem desempenhado em outros países do mundo. Mostra a opinião de acadêmicos e personagens do mundo sindical, social e político.

O objetivo do filme é despertar a população para que os lucros da exploração do petróleo sejam revertidos em favor do povo brasileiro. Também para que o meio ambiente seja preservado, e a soberania nacional assegurada.

O debate contará com a presença do Profº. Marcos Antonio Moreira, DSC, do Iff – Macaé ( Instituto Federal de Educação, Ciência, Tecnologia Fluminense).





Poética

Foi nessa idade que a poesia veio me buscar
Não sei de onde veio
Do inverno, de um rio
Não sei como, nem quando
Não, não eram vozes
Não eram palavras, nem silêncio.
Mas da rua fui convocado
Dos galhos da noite
Abruptamente entre outros.
Entre fogos violentos voltando sozinho.
Lá estava eu sem rosto
E fui tocado

Pablo Nerura

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Quadros, Quadrinhos Quadrados


O pior é o pensamento do Calvin reflete ao comportamento vinculado ao senso comum...

Não vamos construir um mundo novo se não construirmos um Homem novo!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Brasil Pandeiro

Num pequeno arroubo da valorização do nacional, um trecho do doc de Solano Ribeiro. Os Novos Baianos tocam Brasil pandeiro, a filmagem é bem antiga e tem as cores restauradas.

Vale pela imagem, vale pelo som, vale pela poesia... Os Novos Baianos experimentaram... é verdade, a mistura da guitarra elétrica, baixo e bateria com elementos do samba. Inovaram no som, na atitude.



sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Vincent

Para um momento de descontração uma curta-metragem.

Esse curta é a primeira animação dirigida por Tim Burton, cineasta cult que sempre dá um toque sombrio com traços cômicos. Atualmente prepara o Lançamento de sua última obra, uma releitura de Alice no País das Maravilhas.

Mas vamos à animação. Vicent versa sobre um menino de sete anos, cujo desejo é ser como Vincent Price. A narração é do próprio Vincent Price e o curta de 1982.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Lançamento de Livro - " O ensino médio integrado no contexto da mundialização do capital"



Hoje tem o lançamento do livro de Bruno Miranda Neves, carinhosamente apelidado de Bruno "Nareba".

Bruno é um amigo feito nos anos de Movimento Estudantil. Já fomos correligionários e adversários, mas sempre companheiros na luta por uma outro sociedade justa e igualitária.

Ele foi uma importante liderança do movimento secundarista nos anos 2000 e após essa experiência ingressou na UERJ no curso de pedagogia. Este livro é resultado da sua formação como pedagogo, seu trabalho de fim de curso.

Assim, é um bom programa ir hoje à lapa na Editora Multifoco, que fica na Av. Mem de Sá, 126, prestigiar o lançamento e assistir a um debate com os Professores Silene Freire e Gaudêncio Frigotto, grandes intelectuais que não abandonaram a perspectiva crítica em direção à Pós-modernidade.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Three Little Birds

Música de Bob Marley, interpretada por Gilberto Gil.

Por que enquanto o sol teimar em nascer
E a esperança no coração permanecer

Os Três passarinhos continuarão mensagem levar, e
nós continuaremos a lutar para esse mundo tranformar!


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Ética e Política - Frei Betto

Ética e política
Escrito por Frei Betto
08-Dez-2009

A "ética" neoliberal se reduz às virtudes privadas dos indivíduos. Ignora a visão de institucionalidade ética. Assim, reforça a atitude paralisante do moralismo, que reduz a ética a uma ilusória perfeição individual. Ora, se a sociedade é estruturada, a ética é imprescindível para configurarmos o mundo histórico. Portanto, a ética exige uma teoria política normativa das instituições que regem a sociedade. Como acentua Marilena Chauí, não basta falar em ética na política. A crítica às instituições geradoras de injustiças e negadoras de direitos exige uma ética da política. Criar espaços de geração de novos direitos. As instituições devem garantir a toda a sociedade a justiça distributiva - a partilha dos bens a que todos têm direito -, a justiça participativa e a presença de todos – democracia – no poder que decide os rumos da sociedade.

O grande desafio ético hoje é como criar instituições capazes de assegurar direitos universais. Isso supõe uma ruptura com a atual visão pós-moderna, neoliberal, de fragmentação do mundo e exacerbação egolátrica, individualista. Ainda que o ser humano tenha defeito de fabricação, o que o Gênesis chama de "pecado original", há que se criar uma institucionalidade político-social capaz de assegurar direitos e impedir ameaças à liberdade e à natureza. Isso implica suscitar uma nova cultura inibidora dessas ameaças, assim como ocorre em relação ao incesto, outrora praticado no Egito, sem faltar os exemplos bíblicos.

De onde tirar os valores éticos universalmente aceitos? Como levar as pessoas a se perguntarem por critérios e valores? Hans Küng sugere que uma base ética mínima deve ser buscada nas grandes tradições religiosas. Seria o modo de passarmos das éticas regionais a uma ética planetária. Mas como aplicá-la ao terreno político? Mudar primeiro a sociedade ou as pessoas? O ovo ou a galinha?

Inútil dar um passo atrás e fixar-se na utopia do controle do Estado como precondição para transformar a sociedade. É preciso, antes, transformar a sociedade através de conquistas dos movimentos sociais, e de gestos e símbolos que acentuem as raízes antipopulares do modelo neoliberal. Combinar as contradições de práticas cotidianas (empobrecimento progressivo da classe média, desemprego, disseminação das drogas, degradação do meio ambiente, preconceitos e discriminações) com grandes estratégias políticas.

É concessão à lógica burguesa admitir que o Estado seja o único lugar onde reside o poder. Este se alarga pela sociedade civil, os movimentos populares, as ONGs, a esfera da arte e da cultura, que incutem novos modos de pensar, de sentir e de agir, e modificam valores e representações ideológicas, inclusive religiosas.

"Não queremos conquistar o mundo, mas torná-lo novo", proclamam os zapatistas. Hoje, a luta não é de uma classe contra a outra, mas de toda a sociedade contra um modelo perverso que faz da acumulação da riqueza a única razão de viver. A luta é da humanização contra a desumanização, da solidariedade contra a alienação, da vida contra a morte.

A crise da esquerda não resulta apenas da queda do Muro de Berlim. É também teórica e prática. Teórica, de quem enfrenta o desafio de um socialismo sem stalinismo, dogmatismo, sacralização de líderes e de estruturas políticas. E prática, de quem sabe que não há saída sem retomar o trabalho de base, reinventar a estrutura sindical, reativar o movimento estudantil, incluir em sua pauta as questões indígenas, étnicas, sexuais, feministas e ecológicas.

Neste mundo desesperançado, apenas a imaginação e a criatividade da esquerda são capazes de livrar a juventude da inércia, a classe média do desalento, os excluídos do sofrido conformismo. Isso requer uma ideologia que resgate a ética humanista do socialismo e abandone toda interpretação escolástica da realidade. Sobretudo toda atitude que, em nome do combate à burguesia, faz a esquerda agir mimeticamente como burguesa, ao incensar vaidades, apegar-se a funções de poder, sonegar informações sobre recursos financeiros, reforçar a antropofagia de grupos e tendências que se satisfazem em morder uns aos outros.

O pólo de referência das esquerdas, em torno do qual precisam se unir, é somente um: os direitos dos pobres.

Frei Betto é escritor, autor, em parceria com L. F. Veríssimo e outros, de "O desafio ético" (Garamond), entre outros livros.  

Retirado de www.correiocidadania.com.br

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Boris Casoy e os garis

www.viomundo. com.br
Atualizado em 03 de janeiro de 2010 às 17:05 | Publicado em 03 de janeiro de 2010 às 17:02
Bóris Casoy, um serviçal do poder econômico é pego em flagrante delito


por Mario Augusto Jakobskind

Qual a moral que tem o senhor Bóris Casoy depois de ser defenestrado em pleno noticiário? Casoy, um antigo militante do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) saiu-se com a seguinte jóia do pensamento elitista ao ver e ouvir mensagem de dois garis desejando feliz ano novo aos telespectadores: "Que merda... Dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras. Dois lixeiros! O mais baixo da escala do trabalho". E ao fundo alguém gritou para avisar que o áudio estava no ar, interrompendo a reflexão de Casoy: "deu pau, deu pau", ou seja, o áudio estava aberto, ou a merda estava feita.

No dia seguinte, o próprio Casoy pedia desculpas verbais pelo que tinha dito. De que adianta pedir desculpas e tudo ficar por isso mesmo? É o mesmo que o âncora tinha feito desmentindo sua participação no CCC nos anos 60. Desmentiu, mas na prática continuou defendendo os valores do Comando.
O episódio revelou uma faceta do pensamento de parte significativa da elite brasileira, que tem um profundo menosprezo aos trabalhadores de um modo geral, em especial aos que exercem atividades como a dos garis.

Casoy é um digno representante de um segmento das elites, de natureza racista e preconceituosa. É do mesmo time de um jornalista que escreveu um livro dizendo que no Brasil não há racismo e hoje na TV Globo cuida diretamente de todo o noticiário sobre o candidato preferencial da emissora, o senhor José Serra. Em outras palavras, tudo que sai sobre Serra na Rede Globo passa antes pelo crivo de Ali Camel, segundo informam espiões benignos.

É uma vergonha que a TV brasileira seja ocupada por profissionais de imprensa que babam ódio, como Casoy, a qualquer tipo de manifestação das classes populares. Volta e meia, o próprio âncora da Bandeirantes é acionado para criminalizar de forma grosseira o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e qualquer outro movimento social. Ele fala com satisfação, tal como um mlitante ativo do CCC nos anos 60.

Os comentários contra os movimentos sociais são exatamente da mesma natureza que as reflexões feitas por Casoy sobre os garis. É o real pensamento de parte da elite brasileira, que não se conforma com o fato de o Brasil e a América Latina estarem em processo de transformação.

Casoy e outros do gênero, como, por exemplo, Arnaldo Jabor, são pagos para babarem ódio contra tudo que se aproxima de movimentos que visam tornar o país mais justo e igualitário.

Por estas e muitas outras é preciso mostrar aos brasileiros que o manipulado noticiário jornalístico das principais emissoras de televisão faz parte do jogo da dominação. Nada é por acaso, mesmo a reflexão do senhor Casoy ao expor o seu verdadeiro pensamento de servidor incondicional do poder econômico.

O âncora poderá ser gradativamente jogado fora pela cúpula da Band, porque pega mal para ela mostrar uma verdade que diariamente os bi-shots midiáticos tentam maquiar de forma sofisticada para iludir os telespectadores.

Será que o Sinidicato de Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo e a Federação Nacional dos Jornalistas não vão se pronunciar sobre um fato que fere a ética dos profissionais de imprensa?

Momento em que o escroto reacionário do Boris Casoy fala dos garis:


O pedido de desculpas bem muquirana de Boris Casoy:


"As armas da crítica não podem, de fato, substituir a crítica das armas; a força material tem de ser deposta por força material, mas a teoria também se converte em força material uma vez que se apossa dos homens. A teoria é capaz de prender os homens desde que demonstre sua verdade face ao homem, desde que se torne radical. Ser radical é atacar o problema em suas raízes. Para o homem, porém, a raiz é o próprio homem." Karl Marx