sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O Natal, Jesus e o Papai Noel

O Natal é uma época em que as pessoas tendem a manifestar um carinho maior umas pelas outras. Surge na sociedade um sentimento bonito de união, fraternidade e solidariedade. A origem do Natal é o nascimento de Jesus e devido a hegomina da ideologia judaico-cristã no mundo ocidental essa data se tornou quase que uma celebração universal.

O Papai Noel inspirado de um bispo da Igreja Católica Turca (São Nicolau), no inicio era representado por suas vestimentas religiosas. A imagem do "bom velhinho" de barbas longas e roupas vermelhas com detalhes em branco foi imortalizada numa campanha publicitária da Coca-Cola em 1931 para alavancar suas vendas.

Acontece que em nosso mundo contemporâneo com a dominação do sistema do capital prevalece a figura do Papai Noel como elemento central. Basta andar pelas ruas, observar as crianças e visitar o comércio a figura do "bom velhinho" é hoje o que determina o Natal. É o consumo desenfreado, é a transferência de sentimentos para bens materiais. Neste período se não comprares algo é como se não tivesse afeto.

As antigas Igrejas ainda celebram o nascimento da razão de sua existência, mas as modernas igreja têm outra referência espiritual e novas formas de culto. As modernas Igrejas, também conhecida como "Shopping Centers", disseminam o culto do consumo e personificam sua fé todos os anos na figura do Papai Noel.

Voltemos ao primeiro parágrafo, e nos sentimentos despertos nessa época. De certa forma, têm relação com o Jesus. Se abstraída toda divindade metafísica (deixo claro que há o respeito pelos que crêem), Jesus foi um dos pioneiros na história da humanidade a lutar pela libertação de seu povo, que era barbaramente oprimido pelos romanos. A crucificação à época era uma punição dada aqueles, principalmente escravos, que ousavam se rebelar contra o Império Romano. ( A maior crucificação de que se tem notícia ocorreu em 71 a.C. ao tempo de Pompeu, em Roma. Dominada a revolta de 200.000 escravos sob o comando de Espártaco (a Terceira Guerra Servil), as legiões romanas, furiosas, num só dia, crucificaram perto de 6.000 dos revoltosos vencidos1).

Lutar contra o jugo da opressão pressupõe solidariedade, fraternidade e união sentimentos vivos no Natal. A humanidade necessita disso para se libertar das amarras do sistema do capital e seu culto ao consumo desenfreado. Que as reflexões deste momento e do ano que se encerra girem em torno desses ideais, nossas crianças não devem ser contaminadas pelo mito do Papai Noel.

O sistema do capital pressupõe a desigualdade, necessita do desemprego e produz a miséria. Todos esses elementos estão presentes no Natal do Papai Noel, todos os ricos ganham presentes já os pobres... Nesta noite enquanto muitas mansões celebraram com comida farta e presentes e mais presentes supérfulos, mas necessários ao culto do consumo, outros passarão na miséria. Se o Papai Noel não é o culpado por isso, ele é o símbolo disto. Daí a necessidade de se extirpar esse símbolo de nossa cultura.

Por fim uma canção que traduz isso: Papai Noel Batuta.



Notas:

1 - http://pt.wikipedia.org/wiki/Crucifica%C3%A7%C3%A3o


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Por que nosso povo não se rebela?

Abaixo um texto CTRL C + CTRL V, se trata de uma brilhante reflexão de Plinio de Arruda Sampaio sobre um certo "imobilismo" de nossa sociedade.


Porque o nosso povo não se rebela?

Plínio de Arruda Sampaio
De São Paulo

Os telejornais estão cheios de noticias das rebeliões que estão acontecendo na França, Inglaterra, Itália e Grécia. Multidões de funcionários públicos, trabalhadores, agricultores, caminhoneiros, ocupam as ruas, bloqueiam estradas, ocupam edifícios públicos em protesto contra cortes em seus direitos.

Por que aqui não acontece o mesmo, sendo que os cortes são muito maiores?

Dois fatores explicam a passividade da nossa gente.

O primeiro deles é a terrível repressão policial sobre os insurgentes. Desde a Inconfidência Mineira, o povo sabe que a repressão dos revoltosos é seletiva: os figurões da conspiração foram deportados; o sargento de milícias foi enforcado, sua cabeça exposta ao público e o terreno da sua casa salgado para que nada jamais voltasse a nascer ali.

Em 1964, os deputados, senadores, governadores, políticos importantes e pessoas poderosas foram cassados e tiveram seus direitos políticos suspensos. Mas, o patrimônio deles não foi tocado, sua família sempre pôde vir ao Brasil, passada a cassação todos tiveram seus direitos restabelecidos e, muitos receberam polpuda indenização. Os líderes camponeses que se rebelaram foram todos assassinados.

O povo observa essas coisas.

O segundo fator da conformidade chama-se "cultura do favor". Roberto Scharwz tratou desse assunto com maestria. Segundo ele, durante os trezentos anos de escravidão, só havia dois grupos sociais organicamente ligados à produção e, portanto, à obtenção de renda (monetária ou sustentada pelo trabalho). Os demais grupos (negros alforriados, mulatos, cafusos, profissionais sem patrimônio, brancos pobres) só tinham duas maneiras de sobreviver: ou por meio de atos ilícitos ou pela proteção de um poderoso.

Surgiram daí o capanga; o mumbava; o cabo eleitoral.

A cultura do favor é uma ética da gratidão. O marginalizado, no sentido daquele que vive à margem dos direitos sociais, que recebe um favor do poderoso está moralmente obrigado a devolver esse favor, a fim de se sentir uma pessoa digna.

Esta cultura atingiu não somente o pobre, mas também o poderoso. Porque sempre há alguém mais poderoso de quem se necessita uma providência - um favor.

Num livro admirável, Ligia Osório de Souza demonstrou que a elite dominante brasileira desenvolveu uma técnica legislativa destinada a evitar que a lei seja aplicada imparcial e universalmente. Toda lei brasileira tem preceitos vagos e confusos para possibilitar o casuísmo. O casuísmo é o favor.

Conta-se até mesmo a anedota do cidadão que pediu um favor a um senador e quando este respondeu-lhe que não podia atender por ser ilegal respondeu: "Mas é por isso mesmo que estou recorrendo ao senhor; se fosse legal, eu protocolaria no balcão da repartição". No Brasil, no balcão só os pobres sem padrinho.

Pois bem, uma população totalmente sem esperança de conseguir que seus problemas sejam resolvidos contentou-se com migalhas e identificou na figura do Lula o poderoso que lhe faz um favor. Seu dever moral é retribuir esse favor e o meio de que dispõe para isto é o voto.

Não adianta nada demonstrar que o governo Lula está metido em falcatruas e que as migalhas distribuídas não resolvem o seu problema. Se dever moral é retribuir o favor.

Plínio Soares de Arruda Sampaio, 80 anos, é advogado e promotor público aposentado. Foi deputado federal por três vezes, uma delas na Constituinte de 1988, é diretor do "Correio da Cidadania" e preside a Associação Brasileira de Reforma Agrária - ABRA

Endereço de onde foi tirado o texto: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4853582-EI17081,00-Porque+o+nosso+povo+nao+se+rebela.html

Caso queira entrar em contato com o autor: plinio.asampaio@terra.com.br

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Dia do Samba é para os bambas

Hoje dia 02 de dezembro é comemorado o dia do samba. Mais que um tipo de música se trata de uma cultura tipicamente brasileira, que faz o povo feliz. Samba-cançã0, samba-choro, samba-enredo, partido alto, samba de roda, samba rock, samba funk, de qualquer forma o samba toca as almas incautas.

Dizem que ele veio lá da Bahia, e chegou ao Rio de Janeiro pelos portos e na estiva. As primeiras rodas no morro da conceição, são semanalmente lembras nas rodas de samba da pedra do Sal todas as segundas-feiras. Ali também se reune, uma vez por mês, o bloco Escravos da Mauá.

Expressão popular de massas do samba é o carnaval, um espetáculo de luz e cor, quatro dias de magia. Pela Sapucaí desfilam a Mangueira, Império Serrano, Portela, Vila Isabel e outras tantas que fazem e são alegria popular.

Grandes compositores oriundos das favelas cantaram e cantam esse Rio de Janeiro em poesias ritmadas pelo pandeira, marcadas no surdo e choradas nas cuícas. Cartola, Noel Rosa, Zé Keti, Candeia, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, João Nogueira, João Bosco, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Moreira da Silva, Dicró, Bezerra da Silva, Alcione, Dona Ivone Lara, Tia Ciata, Clara Nunes, Clementina de Jesus e tantos outros. Se fosse escrever todos não heveria espaço para nenhuma palavra além de seus nomes.

No Rio de Janeiro se comemora esse momento com o famoso Trem do Samba. Sai da estação Central do Brasil em direção à Osvaldo Cruz e em cada vagão um batuque de alta classe. Com as velhas guardas e novas gerações de sambistas a animar a viagem e preparar o espírito do folião para as apresentações que acontecem em Osvaldo Cruz, esse ano com feijoada da portela e tudo.

Abaixo um pequeno video sobre o trem com Marquinho de Osvaldo Cruz, grande incentivador do trem. Então, embarque e siga viagem.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Estaria o Rio de Janeiro em Guerra

Entre os dia 24 e 29 de novembro o Rio de Janeiro viveu momentos de tensão com o conflito entre o aparato de segurança do Estado e varejistas do tráfico. Ônibus foram incendiados e ouve muita troca de tiros. Estes eventos culminaram com a tomada da Vila Cruzeiro na Penha e do Complexo do Alemão.

Abaixo um video que editei com imagens de um ônibus incendiado gravadas muito próximo de onde pouso nos dias que estou no Rio de Janeiro.