quarta-feira, 4 de maio de 2011

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Trecho de entrevista com Slavoj Zizek, filósofo esloveno. Quem quiser ler na integra é http://www.esquerda.net/artigo/zizek-%E2%80%9Cnada-est%C3%A1-perdido%E2%80%9D

Escreve, em sintonia com Alain Badiou, que o comunismo é uma ideia eterna. Uma política “comunista” deve, todavia, ancorar-se numa análise das relações sociais de produção e das formas que ela assume numa contingência histórica. Pode-se estar de acordo ou em discordância com a tese de Negri e Hardt sobre o capitalismo cognitivo, mas os seus escritos assinalam exactamente essa necessidade. Caso contrário, o comunismo torna-se uma teologia política, não acha?


Não acredito, como Hardt e Negri, que com o desenvolvimento capitalista as forças produtivas, mais cedo ou mais tarde, entrem em rota de colisão com as relações sociais de produção. Precisamos agir politicamente para que isso aconteça. É esse o legado de Lenine que não pode mais ser apagado. Mas deixemos fora os textos sagrados e olhemos o capitalismo real. Existe certamente uma sector de força-trabalho cognitiva, mas que também continua a trabalhar em fábrica e que, como os migrantes, é reduzida a uma condição de submissão servil no processo laboral.

Para não jogar no lixo da história esses “excluídos”, ou “marginais”, é preciso uma forte imaginação política, capaz de recompor e unir as diferentes sectores da força-trabalho. A teologia é sempre fascinante, mas, quando digo que a ideia comunista é eterna, refiro-me ao facto de que é uma constante na história humana a tensão de superar a condição de escravidão e exploração. Por isso, o comunismo volta sempre, mesmo quando tudo previa que fosse permanecer definitivamente sepultado sob os escombros do socialismo real.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Fantasias verdadeiras ou verdades fantasiosas

Os últimos dias foram de acontecimentos na política norte-americana que talvez possam ter implicações diretas no jogo político mundial. O presidente Barack Obama saiu de uma crise, que ameaçava sua candidatura, para o patamar de herói da nação. Justo em um momento em que outro herói desertava.

O Super-Homem, em sua mais recente aventura, renuncia à cidadania americana. Essa matéria foi dada em três grandes portais da comunicação brasileira: R7, O Globoonline e a Folhaonline, pelo menos. O fato está causando certo rebuliço em terras estadunidenses, principalmente entre os conservadores, que criticam a decisão.

A edição 900 da Action Comics apresentou a história de nove páginas onde decisão é tomada. Nela Kal-El vai a uma manifestação em Teerã, em que o povo é reprimido pelas forças de Ahmadinejad. Ele permanece parado e calado por 24h, onde é atacado com coquetéis molotov, alvejado por fuzis e também insultado. Ao passo que também é saudado por parte dos manifestantes.

Dessa forma ele é acusado de provocar um incidente mundial, o governo iraniano entende que essa situação foi uma declaração de guerra do governo norte-americano. A principal acusação é que o homem de aço atue em nome do presidente dos Estados Unidos. Diante desses fatos o Super-Homem faz seu pronunciamento: “Eu pretendo falar na ONU e informá-los que eu estou renunciando minha cidadania americana. Eu estou cansado que minhas ações sejam sempre interpretadas como parte da política americana. Pois, a verdade, a justiça e o 'jeito americano'... não são mais suficientes”

Por outro lado o governo americano demonstrou que não irá se abalar com esse fato novo. Forças Especiais americanas afirmam terem encontrado e executado Osama Bin Laden. O clima nos EUA foi de euforia, milhares de cidadãos saíram às ruas num ato de extremo patriotismo. A popularidade de Barack Obama foi às nuvens e tornou factível a reeleição do Prêmio Nobel da Paz que preside um país em guerra.

Muitos ainda duvidam se o fato é verdadeiro, pois algumas dúvidas ainda pairam. E certamente não ter aparecido um corpo alimenta essas especulações. Muitas ações políticas do governo norte-americano foram baseadas em fantasias, a última havia sido a guerra do Iraque e o enforcamento de Saddam Hussein. As tais armas químicas existiram apenas no delírio das forças especiais estadunidense.

Fantasias verdadeiras ou verdades fantasiosas, os últimos acontecimentos podem ser de suma importância para o processo geopolítico que vem se desenhando no mapa-múndi. Os EUA vem passando por uma crise econômica, desde o quebra-quebra do mercado financeiro em 2008. Obama vinha perdendo popularidade e o império americano sua hegemonia contestada. A execução de Bin Laden vem em boa hora. Os EUA podem tentar se reconstruir como liderança do mundo, atuando nas crises do mundo árabe. Ali o objetivo norte americano é mudar algumas coisas para que os interesses yankees e das grandes corporações prevaleçam sobre as vontades populares.

Por outro lado, a nova postura do Super-Homem ainda é uma incógnita. Será que ele irá se colocar ao contra os interesses das grandes corporações e ao lado dos populares oprimidos pelo capital? Perguntas sem resposta, e sinceramente será que vamos esperar o Super-Homem se decidir para mudar os rumos do mundo e transformar a concreta realidade?

Guerras alimentadas por interesses financeiros, fome sustentada na necessidade de lucro sobre os alimentos. Esses são acontecimentos reais de nosso tempo entre devaneios, afirmações, ilusões e algumas supostas verdades. Esse é o sistema do capital, o real inimigo da existência Humana que ainda peca em sua necessidade de heróis.

E Assim caminha a humanidade que não deveria precisar de indivíduos heróis, mas da força da de sua própria coletividade e sua capacidade criadora para derrubar a lógica do capital e inventar um mundo novo, sem explorados e exploradores.