domingo, 4 de abril de 2010

Um Ano da Roda Rio de Choro

Um ano depois do começo celebramos o primeiro aniversário! E muita coisa aconteceu lá atrás da concha acústica junto ao quiosque da D. Maria. Uma bela reunião de músicos, ouvintes e passantes que ao som do choro e samba riram, brincaram e dançaram.

Um espaço que não possui dono, mas construtores que de quinzena em quinzena tornam o domingo mais saboroso do que o comum. Lá tem os que não faltam e “de certa forma” garantem sua existência: O Felipe (Zé Gota) com sua flauta mágica, diria como a de Pã. Tem também o Rubinho violando nas sete cordas e sempre nos agraciando com comentários, informações e citações sobre a cultura do choro e samba. O Jansen que faz o pandeiro e conduz a marcação e a cadência do choro, e sem nos esquecer das belas canjas cantadas do samba. O Ivan, violeiro, harmoniza o evento. É também um compositor de belas letras, a do latim marca quem ouve. Quatro é mais de um, é um coletivo, Coletivo Só pra Moer. Esses fazem quase uma “militância” cultural, já passaram documentário (Brasileirinho), já distribuíram manifesto e lá deixa sua contribuição contra a mercantilização da música e desvalorização do chorinho. São resistentes culturais.

Não se pode deixar de lembrar os que operam o som, e também desde o início, fazem da roda um ponto de encontro e diversão, aquele abraço pro Vitor e pro Gil. E Dona Maria, nem se fala, uma simpatia única.

Mas a Roda gira e por lá passam muitos que tocam, cantam e brincam. A Roda é livre, leve o instrumento e faça parte dela, sinta-se um construtor também. Tem os mais freqüentes, como o Onça tamborinzado, o Friaça com seu balde, um cuiquero (cujo nome não me lembro). Tem a Thaís que quando da o ar de sua graça deixa sua voz forte marcada em nossos ouvidos e corações, cantando Noel, Cartola e Clara Nunes. Tem uns vitroleiros que também são bambas: Zago, Cabelo, Wagão e Alexandre Bagan, que fazem uma palhinha vez em quando. Sem esquecer que tem o Tico e a Nininha com sua doce flauta doce. E até eu mesmo faço meu barulhim seja no tamborim, seja no ovim. Enfim é uma roda de todos que por lá passam.

Nessa girante Roda muita coisa já se passou, muita história aconteceu. Teve de tudo. Já começou de forma inusitada, a primeira roda marcada foi prejudicada pela chuva. Ali no princípio era um público de poucos, mas fiéis celebrantes. Tem domingo que a roda “tá de massas” falta até mesa pra sentar. Mas em outros são apenas aqueles poucos e fiéis. Tem dia que aparece cidadão que pede pra tocar pagode (quando fica de massas tem que aturar), ou então o cidadão que senta pra tocar ou pede pra cantar sem saber o que está fazendo. Já teve dia que rolou acústico. Teve o dia que choveu e ficaram lá uns dez refugiados sob os grandes guarda-sóis do quiosque de Dona Maria fazendo música de qualidade e outra vez em que choveu, de novo, a Roda virou um grande momento festivo ocupando o espaço ocioso da Concha Acústica.

Alias a chuva é presença quase constante nos domingos de Roda, mas esse não é um fenômeno físico. Mas a própria comprovação metafísica da existência de Deuses que nos observam. Vou revelar o segredo da chuva... os Deuses nos observam a partir de sua entediante vida de Deuses que só fazem olhar os humanos. Quando ouvem a melodia do chorinho, não tem outra reação que não chorar, chorar e chorar e entender a grandiosidade do ser humano. Por isso a chuva, espero que hoje eles segurem a emoção.

Enfim, brincadeiras a parte, celebrar um ano de Roda Rio de Choro é lembrar que a cultura brasileira é motivo de orgulhos e que nos solidificamos em nossas raízes culturais. Muitas são as motivações para que a Roda continue sua existência por muitos anos, seja por curtir o chorinho e uma cachacinha de qualidade, seja para ver, fazer e brindar os amigos ou só mesmo pra curtir um belíssimo por do sol, que em Rio das Ostras é lindo. A essência que garante a existência da Roda é o espírito coletivo, solidário e feliz dos que por lá passam.




Um comentário:

  1. Essa é exatamente a essencia da Roda Rio de Choro!!! Lindo texto Matts... Vida longa pra roda!!!

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